Menu ASAE

GT da Asae finaliza análise da pesquisa Aters – Visão de Presente e Futuro

 GT da Asae finaliza análise da pesquisa Aters – Visão de Presente e Futuro

A Asae e o GT Extensão Rural finalizaram a análise da Pesquisa Ater – Visão de Presente e Futuro realizada entre os dias 23 de julho e 09 de agosto de 2021. Após um longo trabalho dos integrantes do GT em cima das questões abertas, o grupo pôde pensar com mais propriedade os Seminários Regionais, já aprovados no Conselho de Representantes da Asae, que debaterão, a partir de abril, a extensão rural no RS.

Após divulgar as informações referentes às questões fechadas, ainda em agosto (https://site.asaers.org.br/2021/08/23/pesquisa-aters-visao-de-presente-e-futuro), faltava, analisar as três questões abertas disponíveis no formulário eletrônico utilizado na pesquisa, da qual participaram 557 pessoas. As perguntas permitiram que os respondentes, livremente, se manifestassem sobre os três principais desafios para o futuro da Aters pública, quais os três aspectos centrais a serem pactuados com a sociedade e qual crítica ou sugestão gostariam de registrar sobre o presente e o futuro da Aters.

O GT Extensão Rural é formado pelos integrantes: Diego Santos, Gustavo Ayres, Lauro Bernardi, Luana Alves, Luis Fernando Fleck, Marcia Breitenbach, Mariana Soares, Marines Bock, Mauro Stein, Robson Loeck e Tatiane Santos. Foi um grande desafio para o GT realizar a análise do conteúdo, mas, o sentimento que prevalece é de que valeu a pena, pois a contribuição espontânea e escrita dos colegas acabou por enriquecer muito o levantamento realizado e oportuniza um melhor diagnóstico da conjuntura vivenciada pela Emater/RS-Ascar.

Abaixo, em tópicos, as contribuições advindas das questões abertas da pesquisa da Asae Aters – Visão de Presente e Futuro:

  • A Emater/RS-Ascar deve criar planos estratégicos regionais, com áreas prioritárias definidas e atuação de referência nessas áreas.
  • A Emater/RS-Ascar, com sua expertise, deve ser referência técnica na área da produção agrícola, devendo fortalecer o trabalho em algumas áreas pontuais, definir cadeias produtivas prioritárias e construir parcerias no âmbito municipal e regional.
  • A Emater/RS-Ascar deve atentar para as novas tecnologias de informação e comunicação e seus respectivos impactos no meio rural. Também, da necessidade de maior presença dos técnicos nas propriedades das famílias, muitas vezes impossibilitada pelas demandas burocráticas a serem realizadas nos escritórios.
  • Emater/RS-Ascar deve priorizar a agricultura familiar e o seu desenvolvimento sustentável, incentivando a produção de alimentos e sua agroindustrialização. A extensão rural no RS tem a complexa função de orientar o produtor agroecológico e o produtor de commodities, buscando o equilíbrio entre a garantia de produção e a preservação do meio ambiente. Alguns sugerem que o modelo de agricultura precisa ser modificado, no sentido de priorizar a produção de alimentos e não commodities. Outros apontam para a retomada das agroindústrias, que teriam sido “entregues de mão beijada” pela Emater/RS-Ascar para outras entidades, que se apropriaram do árduo trabalho realizado há muitos anos pelos extensionistas junto às famílias rurais. Também foi citado a importância de uma ATERS pública e voltada para um rural com gente e feliz, priorizando os públicos mais vulneráveis e o seu desenvolvimento social e econômico.
  • Há sugestões de que a Emater/RS-Ascar deve realizar uma reflexão sobre a relação entre pesquisa e extensão rural. Há dúvidas no campo e é necessário definir o papel técnico-agronômico da instituição. Deve-se reproduzir o sistema técnico dominante ou construir sistemas técnicos independentes? Muitos entendem que já existem muitas empresas disseminando o sistema dominante e que cabe a Emater/RS-Ascar construir um potente projeto de pesquisa-ação, diferenciando positivamente a instituição.
  • A ATERS é a principal política pública que chega aos agricultores familiares do Rio Grande do Sul. A Emater/RS-Ascar realiza a extensão rural oficial no RS e é a responsável por executar e articular as políticas públicas federais, estaduais e municipais. É a junção de tais políticas que possibilitam uma melhor condição de vida e de trabalho para as famílias rurais. Entretanto, ocorre um desmantelamento das políticas públicas para a agricultura familiar nos últimos anos e os programas lançados e levados a campo, em sua maioria, são “criados em gabinete”, ou seja, não representativos de reais necessidades. Hoje, a Emater/RS-Ascar é mera executora, fazendo com que seus trabalhadores deixem de lado o que está pactuado com as famílias para ir a campo cumprir tarefas, preencher papéis, coletar assinaturas, que pouco trazem retorno ao público atendido. Enfim, há falta de políticas públicas efetivas para o desenvolvimento rural, fato que se soma a desconstrução das políticas públicas de ATERS. A pesquisa aponta para a necessidade de políticas públicas para agricultura familiar por parte dos governos federal, estadual e municipal, que visem o seu fortalecimento, a inclusão social e produtiva e a “fixação” da família no meio rural. Que as políticas sejam sólidas, duradouras e condizentes com as realidades regionais ou microregionais, atendendo as diferentes demandas dos públicos atendidos.
  • A Emater/RS-Ascar deve ser envolver na construção de políticas públicas mais efetivas no combate a pobreza no rural, priorizando públicos socioeconomicamente vulneráveis, além de políticas públicas estruturantes para a agricultura familiar, atendendo a quem realmente precisa e não ao agronegócio, que tem total acesso a assistência técnica privada.
  • Os serviços de ATERS são sustentados pelo tripé social, econômico e ambiental, áreas interdisciplinares e que trabalhadas em conjunto possibilitam alcançar os resultados de transformação social e de emancipação das famílias rurais do Rio Grande do Sul. Entretanto, com o contexto político e econômico vivido atualmente, o serviço de ATER Social enfrenta graves desafios, principalmente quando se fala em corte de recursos, pois é a área mais afetada. Há uma desvalorização do trabalho social, dentro e fora da instituição. Apesar da Emater/RS-Ascar possuir o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) – devido ao trabalho executado pelo(a) extensionista social – os respondentes da pesquisa alegam que esse modelo de atuação deve ser colocado em prática de fato na instituição através da recomposição do quadro de técnicos sociais e destinação de recursos necessários para tal. A Emater/RS-Ascar deve reconhecer sua identidade socioassistencial e colocar foco nos trabalhos sociais. Prova disso é a falta de mais de 150 extensionistas sociais no Estado, o que representa um terço dos escritórios municipais sem estes profissionais, descumprindo a própria Lei Nº 14245/13, que institui a Política Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural no Estado do Rio Grande do Sul e preconiza equipes mínimas de trabalho. É necessário, então, valorizar o trabalho social que, diga-se de passagem, nenhum “dito concorrente” da extensão rural quer fazer, pois o atendimento das famílias, propriedades e/ou comunidades rurais exigem uma visão sistêmica e integrada dos aspectos econômicos, sociais e ambientais.
  • Há necessidade de modernizar as diretrizes sociais da Emater/RS-Ascar. O trabalho social tomou outras dimensões ao longo do tempo, pois a dinâmica da vida das pessoas mudou e é de fundamental importância nos adaptarmos a isso. As necessidades do rural de hoje são outras e tem exigido do(a) profissional extensionista social uma gama de habilidades e formações. Vivemos um momento de aumento da fome, insegurança alimentar e nutricional, diminuição do poder de compra das pessoas e, portanto, de dificuldades de acesso a alimentos de qualidade e em quantidade necessária, ao mesmo tempo em que a obesidade vai se tornando uma epidemia mundial. Não há dúvidas que o trabalho social desenvolvido até hoje foi importantíssimo para contornar essas questões, entretanto, não é um foco ou diretriz da instituição. Assim, os(as) extensionistas sociais acabam buscando qualificação por conta própria, sem nem mesmo a liberação de horas, conforme prevê o Acordo Coletivo, para atender aos novos desafios que o mundo rural apresenta. As respostas apontam para a necessidade de estruturar a área social, realizando processo seletivo para novas contratações com formações específicas para o campo e, assim, objetivar as ações buscando inovação.

A sugestão é que a valorização da Área Social não fique só no discurso e na mídia. Desejo que no dia a dia a área social seja devidamente respeitada e valorizada como merece.

Ainda fico profundamente chocada quando vejo hoje cards da área social com temas restritos à jardinagem, culinária, etc… com discursos moralizantes e normativos, do tipo ´O jardim de casa é como um espelho de si´, ´Cuide do seu jardim´. Não posso acreditar que em 2021 a Emater produza esse tipo de conteúdo. Me entristece a falta de rumo da instituição, que permite coisas dessas saírem a campo.

  • Necessidade da Emater/RS-Ascar realizar uma maior aproximação das organizações sociais, que permita o reconhecimento da real necessidade e interesse das famílias atendidas e não pacotes prontos de extensão bancária. Importante construir um diálogo constante e atuar intensamente junto a agricultura familiar e aos públicos em vulnerabilidade social para que se possa obter resultados efetivos junto ao público atendido.
  • Necessidade da criação de Políticas Públicas para inclusão social, diminuição da desigualdade (pobreza) e ampliação de recursos para que se possa ofertar um trabalho com enfoque multidisciplinar através de equipes qualificadas. Também é importante promover o desenvolvimento local e regional ofertando uma extensão rural pública e gratuita para públicos em vulnerabilidade social, com uma perspectiva integradora e sistêmica de extensão e desenvolvimento rural para além do agropecuário/econômico, contemplando a agroecologia, geração de renda, questão de gênero, justiça social e melhoria da qualidade de vida como um todo dos públicos assistidos.
  • Necessidade de fortalecer a agricultura familiar e maior aproximação do sistema cooperativo e dos sindicatos. Valorizar a agricultura familiar para a produção de alimentos saudáveis, segurança e soberania alimentar, domínio das cadeias produtivas (conhecimento), agroindustrialização e o papel social das pessoas do meio rural. Maior envolvimento na organização e desenvolvimento das estratégias municipais de desenvolvimento rural, assim como, a necessidade de um planejamento estratégico e um balanço social (construir indicadores que deem visibilidade ao trabalho) que mostre o retorno dos investimentos feitos na ATERS.
  • O planejamento estratégico e operacional continuado é um desafio para a extensão rural pública. O planejamento deve buscar a consolidação da prestação de serviços de ATERS pela Emater/RS-Ascar junto ao Governo do Estado e os municípios, garantindo os recursos financeiros necessários e tendo objetivos bem definidos, que envolvam tanto os serviços que o Estado necessita contratar, mas, também, é fundamental que sejam atendidas as demandas locais, para as quais a assistência técnica e a extensão rural e social seja referência nas respostas aos gargalos dos agricultores, povos tradicionais (indígenas, quilombolas, pescadores), assentados da Reforma Agrária, pessoas pobres do meio rural, comunidades e municípios que almejam por desenvolvimento. O planejamento estratégico deverá abranger as diversas áreas de atuação (agropecuária, social, ambiental e organizacional), e ser realizado a médio e longo prazo, desdobrando-se em planos operacionais que dialoguem com os diferentes públicos, gestores e parceiros, priorizem o apoio à agricultura familiar e promovam o reconhecimento das demandas municipais, gerando metas adequadas à realidade dos municípios, valorizando o planejamento municipal e promovendo maior autonomia no trabalho de ATERS realizado pelos extensionistas rurais.
  • Extensão rural se faz no campo. Precisamos estar no campo, esta é a nossa força, estar em todos os municípios, com capilaridade e presença no campo, todos os dias, visitando, conhecendo, trocando ideias, aprendendo e ensinando. Para isso precisamos de condições materiais e de pessoal para atender nossa demanda. A sobrevivência da Emater/RS-Ascar depende de um olhar que faça o reconhecimento objetivo da realidade agropecuária e das demandas alimentares da população, bem como, da situação ambiental e climática que enfrentamos.
  • Devemos pactuar nossas ações com a sociedade de forma rotineira, através do diálogo e da participação no planejamento e execução da ATERS. Realizar o planejamento participativo e continuado com as famílias, grupos, comunidades e, também a nível municipal, com os conselhos municipais de políticas públicas (Agropecuária ou Desenvolvimento Rural, Meio ambiente, Saúde, Educação, Assistência social, Segurança alimentar e outros). Construir os diagnósticos, planejamentos, programas e projetos de ações junto com o público, suas representações, outras parcerias e órgãos públicos, é certeza de alcançar eficiência e eficácia nos resultados buscados. Sugere-se realizar uma Conferência Estadual de ATERS Pública, onde se consiga debater de forma ampla e participativa com a sociedade a construção de um Plano de ATERS e de desenvolvimento sustentável, produzindo orientações para as ações, que transpassem no tempo os diferentes governos que se sucedem.
  • Para o planejamento da ATERS é necessário a participação efetiva dos profissionais do campo na formulação do planejamento estratégico e operacional. Há sugestão de se criar um núcleo permanente que discuta o desenvolvimento e planejamento estratégico da Emater/RS-Ascar, com pessoas de dentro e fora da mesma, com participação da pesquisa, universidades e entidades efetivamente comprometidas com o desenvolvimento rural e com a ATERS pública e gratuita. Outra ação importante seria a construção de estratégias de captação de recursos a médio e longo prazo, assim como, a definição da melhor forma jurídica da Emater (pública ou privada) para atender esta finalidade. Da mesma forma, é necessário o comprometimento do Governo do Estado e das diretorias que se sucedem na administração da instituição, com a construção e fortalecimento da extensão rural, e consequentemente, da agricultura familiar.
  • É necessário trabalhar melhor a questão das prioridades e do foco de trabalho.

Houve a redução do quadro de funcionários nos escritórios municipais, mas as demandas continuaram as mesmas e até aumentaram, agimos de forma a ‘apagar incêndio’, não temos condições nem sequer de olharmos o planejamento durante o ano, estamos sempre sob pressão, somos cobrados por qualificação de trabalho, por atendermos todos que nos procuram …., a verdade é que estamos esgotados… Que seja pensado um modelo de ATERS com menos burocracia e mais tempo nas propriedades.

  • Há sobrecarga de trabalho nos municípios com tarefas que não são construídas de forma coletiva. Falta valorização dos projetos que nascem nos municípios. A instituição precisa considerar as particularidades de cada município, as metas devem ser coerentes e não exageradas, como acontece agora. A ATERS da Emater/RS-Ascar está distante dos públicos estratégicos por executar metas prontas, distantes da realidade e das necessidades dos agricultores. Isso leva a perda de legitimidade, pois a instituição não é mais vista como executora de ATERS dos grupos sociais e da sociedade, mas sim, do governo. Para melhorar este quadro, o foco e a priorização de atividades devem ser conforme as realidades e necessidades locais e regionais, e trabalhar com aqueles que realmente necessitam da extensão rural e social. Os extensionistas devem ampliar nosso escopo para o território, buscando desenvolver uma ação propositiva como agentes de desenvolvimento, demonstrando a importância fundamental da ATERS nos rumos da sociedade e do Estado. Construir de forma participativa os focos para nossa instituição, que atendam as demandas das comunidades e da sociedade. Hoje não temos estrutura para atender todo o público do meio rural. Manter os focos em atividades locais e regionais, nas prioridades dos produtores e no público prioritário, fazer a priorização de atividades do planejamento com base na realidade local, utilizando os programas estaduais para dar suporte a essas prioridades.
  • Em relação ao que focar, sugere-se que seja nas atividades mais relevantes a serem executadas, centrando o foco de ação nos trabalhos diferenciados, assim como, na produção e comercialização de alimentos saudáveis, reduzindo a ação nos projetos de comodities e a dependência de pacotes tecnológicos.

Aproximação ao público urbano consumidor de alimentos…. trazer para o centro do debate a importância da produção de alimentos de qualidade… modelo de desenvolvimento compatível com a realidade dos agricultores familiares na produção de alimentos para abastecimento interno… ampliação e fortalecimento de canais curtos de comercialização, segurança alimentar…. estruturar urgentemente uma cadeia de abastecimento dos agricultores e suas organizações com o consumidor urbano, focando mais no contato direto com os consumidores… desenvolver planos de ação nas principais cadeias produtivas, contemplando a diversidade econômica da agropecuária gaúcha, sua sustentabilidade e observando os resultados dos assistidos e a valorização dos trabalhadores rurais.

  • A partir da definição das prioridades e focos locais e regionais, o planejamento deve abordar temas centrais para todo o Estado, desdobrando-se em estratégias regionais, de acordo com as diferenças locais, sejam elas culturais, de atividades econômicas ou ambientais. Outra sugestão para o planejamento é trabalhar com Tema Amplo Gerador das atividades norteadoras das ações no ano. Exemplo: Ano 1 – Segurança Alimentar; Ano 2- Meio Ambiente, etc. A Emater também deve cada vez mais buscar ter programas de trabalho próprios e estruturados e buscar parceiros técnicos para formulação e execução dos mesmos.
  • A ação de planejamento deve ser integrada e efetiva, onde os aspectos sociais, econômicos e ambientais tenham integração efetiva nos programas gerados e na ação dos profissionais envolvidos. A extensão rural precisa saber ouvir o público e planejar sem interferência de política partidária. Da mesma forma dever utilizar metodologias atualizadas, fazer uso do enfoque sistêmico, modernizar a linguagem de atuação e promover a atualização tecnológica, investindo em novas tecnologias e fazendo ATERS digital com equipamentos e recursos humanos adequados. Deve atuar com proatividade e protagonismo, sendo necessário não apenas se adaptar à realidade, mas propor transformações para a mesma. Precisamos de uma empresa moderna, ágil, com metodologia própria e sabendo para onde quer ir, para conseguirmos dar a resposta que o nosso público exige.
  • O sucateamento e a fragilização da Emater/RS-Ascar ocorre, atualmente, muito pela ineficiência das gestões administrativas, nos diversos níveis hierárquicos, em grande medida por privilegiar critérios partidários para a escolha da diretoria e dos cargos de gestores. A estrutura organizacional tem na gestão algumas pessoas que não são capacitadas para gerenciar e há gestores sem entendimento de ATERS, com foco nos seus interesses particulares e não na ação pública de extensão. A ingerência político partidária e a pequena capacidade de alguns gestores despreparados para os cargos, que fazem má gestão e abusam do seu poder, causam problemas administrativos e uma péssima impressão na sociedade.
  • É necessário e importante considerar a questão de gênero na gestão da instituição, pois é necessária maior equidade e renovação para todas as áreas.

A instituição não comporta mais o modelo de gestão majoritariamente masculino, machista. É impossível pensar com as mesmas cabeças de 60 anos atrás.

  • Existe uma percepção de que é deficiente a gestão das pessoas e dos processos. Há falta de padronização de informação interna e a mesma chega ao campo com interpretações variadas. O fluxo entre Escritórios Municipais, Regionais e Escritório Central, e vice-versa, por vezes é ineficaz e atrasa ou compromete a resolução de questões. Há muita burocracia repetitiva sobre dados que já deveriam estar consolidados e compartilhados entre as diferentes gerências, ocupando muito tempo para retrabalho, situação agravada pela falta de auxiliares administrativos em alguns escritórios. Falta aproveitamento dos conhecimentos dos funcionários mais experientes.
  • Há o desafio na Emater/RS-Ascar de se promover uma gestão compartilhada e participativa, seja na elaboração das suas diretrizes do planejamento, seja também na gestão administrativa em todos os níveis, incluindo os empregados, suas representações e as instituições representativas dos segmentos sociais atendidos pela ATERS. É necessário promover maior integração com as entidades, fortalecendo as parcerias, e construir de forma participativa focos para a ação que atendam as demandas das comunidades e da sociedade.
  • A gestão da Emater/RS-Ascar deve sempre pautar suas relações com os trabalhadores e os segmentos sociais envolvidos, com democracia, transparência e participação efetiva. Precisamos intensificar os debates internos sobre o papel da Emater/RS-Ascar e de como a sociedade nos enxerga e quais os fatores que garantem a sustentabilidade da mesma. Deve haver permanente diálogo dos gestores com as associações e entidades representativas dos servidores. Internamente, é fundamental a construção de espaços de diálogo, ouvindo mais os trabalhadores em todos os níveis, buscando qualificar e descentralizar decisões. A gestão deve ser transparente, principalmente nas questões ligadas ao dia a dia dos empregados, dando segurança para o trabalho e considerando as necessidades dos mesmos, notadamente nos processos de transferência e promoções. Deve-se melhorar a comunicação entre os gestores e empregados, diminuindo o sentimento de que sofremos pressões políticas e até perseguições.
  • A gestão da Emater/RS-Ascar precisar ser comprometida e capacitada em ATERS, e não estar imersa em ingerências político partidárias.  É preciso profissionalizar as escolhas de dirigentes responsáveis pela gestão, atendendo requisitos técnicos e de qualificação profissional, além da identidade política com os governantes. Nesse sentido, a indicação de que o presidente seja ligado ao meio rural e conhecedor da instituição e, preferencialmente, que a diretoria seja oriunda do quadro de trabalhadores permanente da casa. Que haja a escolha de diretores comprometidos com a Emater, e não como cabide de emprego para políticos, reduzindo a ingerência político partidária na gestão. Precisamos gestores que deem continuidade e aperfeiçoem o trabalho, independentemente de governos. Temos que ter maior qualidade e independência da gestão interna geral na empresa, que permita a evolução da empresa através de métodos apropriados.
  • A indicação de cargos em comissão em nível regional e central deverá ser feita tendo nível de escolaridade superior, e comprovação técnica e de gestão para o cargo, assim como o respeito ao Plano de Cargos e Salários (PCS) da Emater/RS- Ascar. Deverá ser buscada mais autonomia na gestão da Emater, diminuindo a dependência dos poderes públicos e valorizando a história e concepções da extensão rural acumulada ao longo do tempo, em favor dos públicos e locais atendidos pela instituição.
  • É necessário qualificar e tornar a Emater/RS-Ascar mais eficiente na prestação de serviços, melhorando a gestão de pessoas, promovendo e utilizando-se de profissionais capacitados, qualificados, adequados e comprometidos com a ATERS. É necessário fazer a capacitação do quadro funcional em todos os aspectos, gerencial e técnica e, especialmente, aos chefes de equipe, sobre liderança e bem-estar humano para acertar mais o passo e, consequentemente, errar menos e otimizar recursos. Deve-se promover o diálogo e as ações em equipe.
  • A Emater/RS-Ascar deve apresentar resultados concretos de ATERS.
  • Realizar parcerias com empresas qualificadas no setor de desenvolvimento de tecnologias que sejam melhor trabalhadas e aproveitadas pelos técnicos de campo.
  • Sugestões de um conjunto de medidas para a melhoria da gestão, para torná-la mais qualificada e eficiente, com foco maior nos processos desenvolvidos:

– Otimização das atividades a campo, com menos burocracia no que se refere à relatórios e fichas de registros, sistemas e maior tempo para o campo.

– Atualizar e aprimorar as metodologias de extensão e intensificar os métodos para analisar a propriedade como um todo, levando orientação e opções a pequena propriedade.

– Otimização de sistemas (crédito, Sisplan e outros), para diminuição de tempo de trabalho. Melhoria nos sistemas informatizados para que conversem entre eles evitando retrabalho no lançamento de dados.

– Modernizar e adequar o Sisplan à realidade do campo; incluir mais dados da propriedade no aspecto social (número de filhos abaixo dos 12, crédito rural, etc.). Na produção de relatórios e registros de atividades, seria fundamental que a forma de registro de ações desenvolvidas fosse a partir do produtor ou família atendida, e não das atividades. Ter um sistema integrado, que quando for preciso um relatório puxe os registros, cruze dados e dê um relatório, isso agilizaria muito o burocrático.

– Unificar relatórios e linguagem de prestação de contas (CEBAS, SEAPDR e municípios).

– Necessidade de atuação direta a campo, projetos de créditos elaborados diretamente na propriedade do atendido.

– Rever acordo com agências bancárias que tercerizou o serviço bancário para Emater.

– Unicidade entre o central e o campo. A Emater é uma só e deve falar uma única linguagem.

– Comunicação interna mais eficiente.

– Elaboração de materiais de qualidade para serem usados com o público.

– Maior divulgação na mídia.

– Fortalecimento da imagem institucional.

– Ampliação do trabalho virtual.

– Agilidade, informatização e desburocratização; estar mais presente no meio rural.

– Utilizar a ATERS digital para ampliar o público atendido.

– O trabalho imediato é o de melhorar o sistema de informática da instituição, tornando mais ágil os serviços online.

– Fortalecimento de tecnologias e ferramentas digitais e aplicativos para o desenvolvimento do trabalho de extensão.

– Fortalecimento do setor de informática da Emater/RS-Ascar, pois está com muita dificuldade.

  • Há necessidade de qualificação, valorização e reestruturação do quadro funcional para que se possa ter futuridade nos serviços de ATERS. Há recorrente percepção manifesta na pesquisa de que a erosão das bases históricas da gestão dos recursos humanos da Emater/RS-Ascar vem sendo intencionalmente conduzida. Há a percepção de que o propósito é desestruturar o maior patrimônio da instituição: o seu saber fazer.
  • Há ausência de um processo continuado da capacitação técnica e social do corpo funcional. Tal ausência sentida desde o nível da atualização técnica específica, perpassa também o desenvolvimento de habilidades das relações interpessoais necessárias à execução das funções profissionais.
  • Há absoluta ausência de uma política de gestão institucional na Emater/RS-Ascar que reconheça e valorize os trabalhadores para além da retórica discursiva e de uma avaliação anual proforma.

A possibilidade de carreira profissional foi mutilada através da eliminação dos decênios e pela ausência de progressão vertical via concursos internos. Também pela inaceitável negação de reposição do poder de compra dos salários nas convenções coletivas anuais e pela procrastinação do pagamento dos passivos trabalhistas.

  • A ausência de expertises e de capacidade operacional em significativas áreas estratégicas da instituição e no campo explicita igualmente a ausência de processos internos e de provimento externo que (re)estruturem o Quadro de Lotação (QL), em face a atual realidade e demanda que se coloca a este serviço público.
  • Registro de sobrecarga de trabalho com a evasão de mais de 750 trabalhadores nos últimos anos. Desestruturação dos referenciais históricos mínimos para atuação condizente com a demanda que recai sobre a base operacional e de suporte deste serviço público. Desestruturação das equipes básicas (crescimento das “euquipes”) na estrutura de suporte em todos os níveis.
  • Necessidades do cotidiano das equipes de ATERS, que demandam melhorias no ano da frota dos veículos, da cota de combustível e, fundamentalmente, atualização de equipamentos defasados de informática. Nesta última área estão imbricadas demandas que apareceram em outras respostas, como a necessidade de softwares que possam acompanhar e dar suporte a ação fim, como ferramentas e informações integradas que reduzam a burocracia e que também permitam a Emater/RS-Ascar avançar na ATERS digital. A ausência de materiais mínimos de suporte atualizados (que vai do folder à publicação de boletins e revistas) aparece vinculado ao ‘apagão de expertises’ institucional.
  • A questão da figura jurídica da instituição é um elemento que sinaliza para certo cansaço do corpo funcional que sistematicamente embate-se com disputa orçamentária e com a burocracia comprobatória (assinaturas… assinaturas…). Propõe-se que numa pactuação social, tal tema possa ser equacionado de forma adequada, espelhando-se nas melhores construções realizadas no país.
  • A defasagem do quadro de lotação da estrutura organizacional como um todo imprime cada vez mais um sentimento de que esta estrutura não responde mais às necessidades existentes, reivindicando-se mudanças. Há uma queixa forte que a estrutura Central está muito distanciada da realidade com relações verticalizadas. Ao mesmo tempo se aponta para perda de expertises em várias frentes que enfraquecem a instituição e reivindica-se reestruturação. Em termos regionais há críticas a desestruturação e a decorrente ausência de suportes em várias áreas, bem como a falta de estruturas horizontais operativas, que possam valorizar e otimizar expertises disponíveis.
  • Do ponto de vista estratégico duas questões renitentes apareceram em distintos momentos da pesquisa, qual sejam, a necessidade de ajustar o PCS para que tenhamos mais profissionais de informática que permaneçam na instituição e, dado as condições da rede virtual, há que se estruturar urgentemente um núcleo de pessoal da área tecnologia da informação e da comunicação para o suporte operacional a ATERS digital. A estrutura de comunicação atual faz a divulgação do trabalho, não o suporte à ação direta da ATERS.
  • Em termos de aprimoramento do trabalho de ATERS é necessária uma melhor aproximação e parcerias com as instituições de pesquisa agrícola e economia, tanto de âmbito estadual (DDPA) como federais, a EMBRAPA, as Universidades e os Institutos Federais.
  • O Conselho Técnico Administrativo da Emater (CTA) deve se tornar um espaço de avaliação, debate e proposições sobre o trabalho da Emater, dado a sua boa representatividade do setor rural do RS.

A partir dos tópicos apresentados, o GT Extensão Rural entende que o momento atual suscita a necessidade discutir e refletir sobre um novo modelo de desenvolvimento que não ameace a sobrevivência e qualidade de vida, tanto no meio urbano, quanto no meio rural. E a Emater/RS-Ascar, enquanto entidade oficial de assistência técnica e extensão rural do RS, precisa que o desenvolvimento rural sustentável seja uma diretriz institucional e faça parte do cotidiano de todas as ações extensionistas. A pesquisa também aponta que é necessário implementar na instituição diretrizes de planejamento estratégico neste sentido, visando o fortalecimento de um modelo de desenvolvimento com base na Agroecologia e renovação de tecnologias do novo rural, adaptadas a realidade da agricultura familiar e públicos especiais, bem como, contribuir na construção de políticas públicas que corroborem para isso.

Além disso, houve a percepção que devemos pactuar com a sociedade um modelo de desenvolvimento rural sustentável, alicerçado nos pilares econômico, social e ambiental, construído em conjunto com as instituições de pesquisa, da educação e com os movimentos sociais. Esse modelo de desenvolvimento deve contemplar a sociobiodiversidade, considerando o ser humano como principal agente para manutenção da diversidade e provedor de alimentos limpos para a sociedade.

Por fim, é fundamental considerar todas as possibilidades de desenvolvimento para o rural (agrícola e não agrícola), com a certeza do protagonismo de contribuições dos trabalhadores e trabalhadoras da Emater/RS-Ascar.