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Extensão Rural e Projetos Produtivos Rurais

 Extensão Rural e Projetos Produtivos Rurais

Por Nizomar Falcão Bezerra (*)

Desde a criação do serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), no Brasil, em 1948, as suas ações têm evoluído, gradativamente, para o trabalho com comunidades campesinas carentes localizadas em áreas remotas; migrando do trabalho em propriedades (individual) para o trabalho grupal (comunitário). Na medida em que os agentes de Ater passaram a ter que assessorar as ações que alterassem as condições de pobreza no meio rural, foi percebida a necessidade de habilitar as comunidades para acessar os projetos de desenvolvimento rural, comunitários (políticas públicas).

A inexistência do trabalho predecessor de Extensão Rural tem sido a causa do fracasso de muitos projetos voltados para o meio rural, porquanto é impossível uma comunidade imatura ter condição de lidar com todas as implicações decorrentes de determinadas intervenções, com reflexos multidisciplinares. É um engano singelo crer que se possa dotar os agricultores de conhecimento sobre gestão de projetos, unilateralmente, por melhor que seja o serviço de assistência técnica que o acompanhe, sem uma formação continuada preliminar, antecessora. A constatação é que nem todas as comunidades estão prontas para serem beneficiadas com projetos públicos; ou seja, não possuem maturidade suficiente, para se comprometerem com resultados para a sociedade, haja vista, os recursos públicos serem universais. Essa imaturidade comunitária se dá, fundamentalmente, na incapacidade de gerir recursos públicos, notadamente, organização e capacidade de gestão.

É indeclinável a preparação da comunidade para elaboração e gestão de um projeto de desenvolvimento rural. Isso significa que todo e qualquer projeto precisa antecipadamente do trabalho de Extensão Rural, porque é este que modifica a natureza humana para mudanças de paradigma, embutida nos projetos, sejam eles de natureza tecnológica ou de gestão. A condição sine qua non para que um projeto de desenvolvimento no meio rural tenha sucesso é que a comunidade seja assessorada, antes, durante e depois de sua elaboração. Para tal, é essencial que todo e qualquer projeto produtivo, tenha anexo um Plano de Ater, definindo claramente, quais são as ações de educação e de assistência técnica ao longo da execução do projeto.

O trabalho de amadurecimento das comunidades é feito, basicamente, pela Extensão Rural – aquele trabalho educativo de mudança de comportamento e de ação, de médio e longo prazo, que é prestado, exclusivamente, pelas empresas públicas de Ater; o serviço de assistência técnica pode ser prestado por empresas privadas e organismos não governamentais. Esse serviço de maturação consiste em subsidiar as comunidades na apresentação de projetos capazes de alterar a realidade vivenciada, de acordo com as particularidades e o contexto de cada território.

O amadurecimento comunitário se dá no sacerdócio extensionista, no qual todo o processo formativo possui uma característica eminentemente comunitária. A preparação para o amadurecimento comunitário não se percorre de maneira individualista e individualizada, mas sempre tendo como referência uma porção concreta do povo da comunidade, vez que a vocação de cada comunidade é revelada e acolhida no interior de uma comunidade de interesses comuns.

(*) Nizomar Falcão Bezerra, Engenheiro agrônomo, é Associado da Assema. E-mail: nizomar.falcao@ematerce.ce.gov.br