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A importância da Agricultura Familiar e da Extensão Rural Pública para superação da crise

 A importância da Agricultura Familiar e da Extensão Rural Pública para superação da crise

Por Marines Bock*

A Semana da Agricultura Familiar, ocorrida neste final de julho, é um marco importante no calendário do Rio Grande do Sul porque é um segmento que necessita ser permanentemente debatido e valorizado. A agricultura familiar é responsável por 77% dos estabelecimentos rurais no Brasil segundo o Censo de 2017. Envolve mais de 10 milhões de pessoas, utilizando a apenas 23% das terras e acessa os menores valores do crédito agrícola, o que é um contrassenso já que ela responde pela produção da maior parte dos alimentos, tais como mandioca, leite, suínos e hortaliças; ou seja, tem grande relevância na segurança e soberania alimentar do país.

Mesmo que parte de destes agricultores estejam envolvidos com o agronegócio para exportação, eles são os principais responsáveis pelo abastecimento interno no Brasil. São eles que produzem os alimentos que vão à mesa das famílias.

Além disto tudo, a agricultura familiar possui características fundamentais para a preservação da nossa biodiversidade: a produção é diversificada e respeita os ecossistemas locais. Também cabe destacar que a produção oriunda desse segmento chega ao consumidor através de cadeias curtas, o que traz uma série de vantagens a toda a sociedade.

Em um cenário no qual cerca de 33,1 milhões de brasileiros estão insegurança alimentar grave, e 32,4 milhões de pessoas com nível de insegurança alimentar moderada segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN 2022), investir na agricultura familiar é estratégico, pois é ela que tem condições de contribuir para solucionar a crise alimentar e de saúde.

Mas para que a agricultura familiar possa dar as respostas necessárias à sociedade, precisa de políticas públicas que apoiem as famílias de agricultores para superar a escassez histórica de alguns fatores de produção. Entre essas políticas estão as de crédito, nas quais, de 2016 a 2021, o número de contratos do Pronaf reduziu de 1.588.314 para 1.048.830, segundo dados do Banco Central do Brasil compilados pela Asbraer, o acesso a comercialização e a Extensão Rural Pública.

É a Extensão Rural Pública que consegue chegar as mais distantes e diferentes realidades deste pais e que, para além da orientação para a produção, processamento, agro-industrialização e organização para comercialização, também articula e mobiliza os entes decisivos para que as famílias rurais possam ter acesso às demais políticas públicas sociais e ambientais. É a Extensão Rural Pública que promove a inclusão social e produtiva das famílias mais vulnerabilizadas, trabalha com o protagonismo de mulheres e jovens dentro das propriedades e também nos espaços públicos.

Governos de diferentes esferas, ao investirem na agricultura familiar e Extensão Rural Pública terão, com certeza, retorno econômico, social e ambiental para todo a sociedade. Viva a agricultura familiar e a Extensão Rural Pública!

*Presidente da ASAE e Coordenadora de Ater da Faser